Ensaio
Petrópolis - RJ
Vilarejo
Depois de um longo período desafiador de isolamento pela pandemia, nós nos cercamos de todo cuidado para irmos para a casa dos avós. Encontros muito aguardados, colos muito desejados, abraços que ficaram para ser dados depois, memórias que esperaram tempo demais para serem construídas. E veio natal, ano novo, depois o tempo de retornar para casa. E novamente a saudade.
Muito aconteceu depois desses dias tão gostosos. Perdemos a matriarca da nossa família, duas gatinhas também se foram e as fotos que eram para ser um tesouro, mexiam com nossa dor. Mais de 6 meses se passaram e eu as revisitei. A saudade novamente toma conta e que alegria foi ver todas as memórias que construímos guardadinhas com carinho nessas fotos.
Essa é minha família. A casa inacabada dos avós que vai sendo construída aos poucos (e já está tão diferente...), o bebê que ainda mamava, os cachinhos dourados que não existem mais, o dentinho de leite que cresceu, o corpo que já não reconheço mais como meu, os brinquedos que já foram doados, as roupas que não cabem, a rabanada que é não chega até aqui, a piscina que foi limpa para nós. O que fica. O que nos molda como seres humanos. A própria matéria do amor.
Grata pelos dias tão ricos. Ansiosa por mais dias assim.