Você é dessas que quando pensa no parto, treme de medo da dor e sonha com um parto estilo download? Então senta aqui pra gente conversar!
A dor é necessária! Sem ela a gente ia parir na mesa de trabalho, na fila do pão, na academia, não ia procurar um lugar seguro e confortável, não ia chamar equipe nem as pessoas que nos importam.
"Ah, Ana, mas a dor não podia ser mais fraquinha?" Depende. Primeiro que dor é uma coisa muito pessoal e subjetiva. Tem mulher que sente muita dor e mulher que quando vai ver já está parindo e aquela dor que falam por aí nunca veio. Segundo que a dor do parto é, em grande parte, uma construção social.
A gente constrói a dor do parto dentro da gente vendo ela retratada de forma incapacitante nos filmes e novelas ou nas narrativas de mulheres que viveram violência obstétrica, tiveram partos desrespeitosos e com intervenções desnecessárias e protocolares. A gente constrói a dor do parto quando ouve do médico ou das mulheres à nossa volta "você não vai aguentar a dor" ou "você é fraca pra dor". A dor do parto nos é imposta quando a gente acredita que nosso corpo é falho, influenciada pelas desculpas que as mulheres à nossa volta ouviram ao terem seus partos roubados: bebê grande demais, bacia estreita, circular de cordão, muito líquido, pouco líquido, não dilatou, não entrou em trabalho de parto. A dor é construída na gente por todos os lugares comuns que nos contam: que a dor do parto é igual a dor de todos os ossos quebrando ao mesmo tempo, que se nossas mães e avós não conseguiram, nós não conseguiremos, que o ser humano evoluiu e agora as mulheres não sabem mais parir. A dor está diretamente relacionada ao medo.
Sim! MEDO. Já ouviu falar no ciclo dor-tensão-medo? Então volta amanhã que eu vou falar mais sobre ele.